terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Passagens

Penso que, com honrosas exceções, o ser humano demora muito tempo para perceber e/ou definir qual é seu papel nos diferentes momentos da vida. Quando criança segue-se o rumo sem muitos avisos, não existe uma direção a qual nos pareça clara, tudo acontece a partir dos pais. Na adolescência tem-se a oportunidade de buscar o conhecimento pessoal, porém nem sempre se chega perto do esperado ou acredita-se no que se apura. Segue-se com a manutenção da sobrevivência adicionando-se opções, nem sempre felizes, que às vezes nos fazem viver sem sentir a vida.

Quando alcança-se a metade da vida, já não se aceita imposições tão facilmente e aí passa-se a filtrar o que é importante do que é dispensável. Chega-se ao auto-conhecimento e a uma percepção de vida diferenciada, resumo do que somos com todo o histórico vivido, uma beleza! Só que agora temos pouco tempo para fazer tudo aquilo que descobrimos ser fonte de felicidade.....Que merda hein!?!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Em tempo de mensagens....(autor desconhecido)

Celebre a vida todos os dias.
Celebre o fato de dispor de um corpo, seja ele jovem ou não, que lhe possibilita mais essa experiência na Terra.
Agradeça pela dádiva da existência.
Aproveite seus minutos, seus dias, sua vida.
Aproveitar, no entanto, não significa exaurir as forças vitais pelos excessos de toda a ordem.
Aproveitar quer dizer, em verdade, fazer bom uso, dar utilidade.
O corpo físico, invólucro perecível de nossas almas imortais, deve ser tratado com o zelo que garanta sua utilização adequada.
Mas sem neuroses ou preocupações descabidas, mesmo quando a juventude for apenas a lembrança de mais uma etapa superada.
Envelhecer de forma sábia é reflexo de se viver bem.
Pense nisso, e viva bem.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ao amigo....



Rico brilho de
Ingênuas palavras que
Cativam a alma
Árduo lapidar de mudos lábios
Ritual poético, pleno e
Diáfano,
Origem do ser

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A lua...de novo


Um dos momentos mais felizes da minha vida foi por volta dos 17 anos, passando férias na fazenda de um tio, sentada na enorme janela do meu quarto, vendo a lua...

Tudo que fazia parte daquele momento era perfeito: o barulho das árvores com o vento, a luz maravilhosa da lua sobre tudo, as sombras e, sobretudo, sentir a beleza de ser jovem. Estava envolta no mistério que é viver e com todas as perspectivas por experimentar. Tinha uma consciência rara para idade, de como aquele momento era único.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Agnosticismo

Pode-se pensar que um agnóstico seja desprovido de mística, mas isso é um grande engano. Mesmo porque existem tipos diferentes de agnosticismo. Não seguir uma religião não quer dizer que a pessoa se fechou ao metafísico. Pelo menos essa é a situação de muitos que conheço, inclusive eu.

Tive contato com várias religiões na época da adolescência, e pude concluir logo cedo que nenhuma delas correspondia ao meu modo de pensar os assuntos metafísicos.

A minha ligação com o estudo da mitologia tem tudo a ver com essa busca, que parte de algo concreto e se direciona ao impalpável. Ela me trouxe o fundamento que não encontrei na religião para as questões não respondidas. O mais importante é que as respostas são “construídas” individualmente.

Para mim, a percepção clara de “algo mais” nessa vida se deu através da apreciação da arte. Os artistas estão conectados com essa linguagem peculiar, que nos fala a alma. Eles sempre tiveram, de forma silenciosa, ou mesmo inconsciente, a incumbência de nos ajudar a transcender, não importando a época ou o tipo de expressão artística.

O importante é não deixarmos de viver o transcendente, a forma ou tipo de linguagem são detalhes irrelevantes. Os vários caminhos não desvirtuam o destino.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Poema - Anônimo

Dor de navio partido
À luz de névoas incertas
Sonho naufragado, sentido
Fôlego sem chance
Afogado

Correnteza que mudou com o vento
E levou-me de volta a nenhum lugar
Onde um dia sorriu-me o nascente
E logo em ocaso mergulhou no mar

Solidão antártida, isolada tristeza
Montanha de cristal, sepultura e beleza
De um começo de brilho, pobre carvão
Que por um instante em diamante se quis

Fria madrugada, suave adaga a tirar-me o sorriso
Último som, distante esperança, carícia estertora,
Magoada,
Última flor que desabrochou na geada

Para sempre aurora de um dia jamais.
Para sempre matiz de tela imperfeita,
pintura incompleta do último silêncio
.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

De olhos bem abertos....

O que mais me atrai nas pessoas é a autenticidade e principalmente a forma peculiar de cada um perceber diferentemente as coisas. Cada vez fica mais difícil encontrá-las, todos estamos camuflados, embotados com as exigências da vida.
Temos que acertar nossas “lentes” para melhor percebermos as pessoas e o mundo de forma mais consciente, lúcida. Assim, tudo fica mais colorido e a vida passa a nos tocar de forma mais bonita e poética. Sem isso entramos no automático e o dia-a-dia se transforma numa avalanche de mesmices em preto e branco.
As vezes procuramos emoção, “viver a vida intensamente”...mas procuramos por isso de olhos fechados....

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mudanças

Quando eu tinha uns vinte anos costumava ter um acompanhamento crítico dos acontecimentos, emoções e pensamentos que passavam por mim, muitas vezes escrevia a respeito. Ontem encontrei em minhas bagunças um desses relatos. Primeiramente achei divertido perceber a rebeldia das palavras e o lugar comum das situações. Num segundo momento percebi a facilidade com que analisava fatos e emoções de forma lúcida e crítica.

As vezes me pergunto se não piorei com os anos em alguns aspectos, e penso que sim. Talvez tenha me tornado condescendente demais e me deixado levar pela rotina e a mesmisse do dia-a-dia, perdendo bastante dessa consciência de viver, que encontrei em meu texto. Em contraponto, fiquei menos rígida e mais tranquila em relação aos meus erros e, consequentemente, aos dos outros também.

De vez em quando temos que lembrar como éramos e analisarmos nossas mudanças, tanto positivas como negativas. Serve como balanço e também como forma de perceber pontos de melhoria que precisamos (queremos) alcançar.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Transcendência

(pintura em seda - Ita Andrade)

"Como a pessoa comum alcança o transcendente? Para começar, eu diria, estudando poesia. Aprenda como ler um poema. Você não precisa ter a experiência da obtenção da mensagem, ou ao menos alguma indicação da mensagem. Esta pode surgir gradualmente. Há, entretanto, vários modos de chegar à experiência transcendente." (fragmento do livro "Isto és Tu" - Joseph Campbell)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Shinto

A palavra shinto é uma combinação de dois termos: "shin", significando Deus e "to" ou "do", significando caminho. O Shintoísmo é a religião mais antiga do Japão. Dela se origina e baseia a mitologia e tradições desse povo. Segue um fragmento que gostei das escrituras do Shinto:

“Levante-se cedo para saudar o sol. Inspire e deixe-se planar até os confins do universo. Expire e deixe o cosmos entrar. A seguir inspire a fecundidade e a vibração da terra. Combine a respiração da terra com a sua própria e a transforme na respiração da vida. Seu espírito e corpo ficarão agradecidos, depressão e inquietação disssipar-se-ão e você se encherá de gratidão (kansha)”.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vida e Morte


Nossa trajetória é validada pelos “nascimentos” e “mortes” que vivenciamos ao longo do “caminho”. Ao passarmos por essas rupturas ("mortes") nos renovamos e assim retornamos à “vida”, não como o ser antigo, mas como algo novo. Estaremos modificados pelo conhecimento adquirido e capazes de transformar outros com essa experiência pessoal.

Nesse movimento espiritual estaremos gradativamente vencendo nossas limitações e alcançando o aperfeiçoamente em vários sentidos. Na “morte” temos que buscar as “fontes de poder” que serão o veículo de toda e qualquer transformação.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Cheiro de Mato - Fátima Guedes

Ai, ai o mato, o cheiro,o céu
O rouxinol no meio do Brasil
O Uirapuru canta prá mim

E eu sou feliz
Só por poder ser
Só por ser de manhã, manhã, manhã
Manhã, manhã

Nessa clareira o Sol
Se despe feito brincadeira
Envolve quente a todo ser vivente
Taperebá

Canela, tapinhoã, nã nã nã nã
Não faço nada
Que perturbe a doida a louca passarada
Ou iniba qualquer planta dormideira
Ou assuste as guaribas na aroeira

Em contra-ponto com pardais urbanos
Tão felizes soltos dentro dos meus planos
Mais boquiabertos que os meus vinte anos
Indóceis e livres como eu

Leminski


"Isso de ser exatamente o que se é ainda vai nos levar além"
(Paulo Leminski)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Luz


Durante a vida temos vários “insights” mas alguns são mais fortes, são como uma luz, não necessariamente divina, que de repente clareia nossas mentes, como uma explosão. A mesma esclarece algo que ainda não conhecíamos em nós. Essa verdade nos aparece tão clara que nos deixa perplexos por algum tempo. Sabemos que é um novo caminho à ser trilhado. Os sacrifícios dessa mudança podem adiar a decisão por seguir aquele rumo, mas todos os outros caminhos serão etapas para chegar lá.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Indivíduo

A individualização que a suposta democracia nos trouxe, foi acompanhada de uma “ideia” de liberdade reforçada pela queda das ditaduras, principalmente na América Latina.

Hoje percebe-se que essa individualização e pseudo liberdade nos custou o distanciamento da cidadania e a busca de uma liberação através do consumismo. Estamos sedados diante da mídia e nos limitando a ela, assim, encerramos nossos espíritos a essa medíocre medida.

Não podemos restringir nosso conceito de nós mesmos pelos “valores” vigentes. A falta de comprometimento é regra, ou seja, ninguém responde por seus atos, ninguém quer mais ter opinião própria para não ter que agir em conformidade com absolutamente nada.

Não nos mostramos mais pensantes, o silêncio é mais vantajoso!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A Paz


“Meditei muito tempo sobre o sentido da paz. A paz tão somente deriva dos filhos paridos, das colheitas arrecadadas, da casa até que enfim arrumada. A paz vem-nos da eternidade em que ingressam as coisas acabadas, perfeitas. Paz dos celeiros cheios, das ovelhas que dormem, dos lençóis dobrados, paz que apenas da perfeição nasce, paz do que se torna oferenda a Deus, uma vez bem feito.”
(Antoine Saint-Exupéry)


Entre outras possíveis definições do que seja “paz”, gosto muito dessa por sua descrição simples e nada sobrenatural. Contudo, creio que a paz envolve outros aspectos do ser humano tais como a consciência, ética e, principalmente, fazer opções de vida consoantes a própria essência.

O medo de ser livre


“O medo de amar é não arriscar
esperando que façam por nós
o que é nosso dever - recusar o poder”
(“O Mede de Amar é o medo de ser Livre” – Beto Guedes)


Quando os hippies, nos anos 60 e 70 proclamaram a mensagem de paz e amor ao mundo, eles deixaram claro que o desapego as coisas materiais fazia parte do pacote. Hoje queremos tudo ao mesmo tempo: qualidade de vida, trabalhar numa empresa em altos cargos, estar com a família, acumular riquezas e poder, gozar a vida, etc. É aí que o conflito se instaura. Há um preço a se pagar, temos que saber “recusar o poder” para recebermos as coisas boas que vem com essa opção, bem como buscarmos outros pontos de equilíbrio, ás vezes não tão agradáveis, para usufruir também do lado material, imprescindível para a manutenção de nossas vidas. Cada um deve saber sua própria medida, tanto em relação aos sacrifícios como em satisfação. Não precisamos estar exatamente de um lado ou do outro, podemos optar buscando certo equilíbrio. E tudo acompanha o mesmo pensamento....Só não dá pra querer demais!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Temporais..

Experiências negativas, sejam relacionadas a nossa saúde ou de pessoas próximas, bem como morte e grandes abalos no padrão de vida, são situações que nos fazem iguais ao resto do mundo e nos remetem a uma reflexão mais lúcida sobre a vida.

Em nossa cultura o sofrimento é tratado como exceção, porém muitos vivenciam-no com constância, daí ocorrer aquela sensação de que a “dor de barriga” só dá no vizinho....
Essa maneira de pensar nos fragiliza emocionalmente e prejudica nossa atitude diante das situações difíceis. Temos que modificar nossa prontidão para o que acontece fora do que seria desejável, para evitar que a vida seja encarada como uma sequência de lamentações.
Vamos cuidar de nosso presente para colhermos melhores frutos em todos os sentidos da vida. Contudo, não deixemos de ter em mente que tudo pode acontecer e que temos que ser fortes e estarmos aptos a cuidar do inesperado. Paralelamente, não podemos deixar de continuar a buscar e favorecer os momentos felizes... SEMPRE.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Os sonhos não envelhecem...

“...Por que se chamava homem
Também se chamava sonhos
E sonhos não envelhecem...”
(Flávio Venturini)

Nos renovamos a cada broto de sonho que nasce em nossa alma...deles vêm o entusiasmo, as bochechas quentes e um brilho inigualável nos olhos! Sopro de ar fresco que varre a poeira de nossas desilusões e nos prepara para uma nova investida.
Dessa forma pode se dizer que somos a dimensão de nossos sonhos...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Incompletos....mas felizes

Normalmente sempre colocamos a incompletude como algo negativo, mas nem sempre isso é verdade. A ideia perfeccionista do senso comum muitas vezes nos atrapalha refletir sobre a real importância de cada influência em nossas vidas. É a mesma ideia do vazio, ele é necessário tanto mental como fisicamente.

Um amigo abordou em seu blog (http://kerstingesculturas.blogspot.com/ ) a questão dos fragmentos como parte importante de nossa trajetória. Ele diz que as coisas que deixamos de fazer muitas vezes criam “alicerces invisíveis” e positivos para nossa vida e concordo plenamente com essa forma de pensar.

Relacionamentos não concretizados ou interrompidos, cursos incompletos, projetos inacabado podem servir e serem tão enriquecedores e importantes às nossas vidas como qualquer outra vivência totalmente finalizada. Talvez seja interessante pensar se algumas coisas que estamos fazendo no momento ajudariam mais se não fossem terminadas....Então?!?!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Da minha aldeia...

DA MINHA ALDEIA vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.


(Fernando Pessoa – “Alberto Caeiro” – da Co leção “O Guardador de Rebanhos”)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Zohar

“Toda alma e espírito, antes de chegar a este mundo, consiste em um macho e uma fêmea unidos num único ser. Quando desce nesta terra, suas duas partes se separam e animam dois corpos diferentes. Na época do casamento, o Santíssimo, aquele que conhece todas as almas e espíritos, une-os outra vez, tal como eram antes, e eles voltam a compor um único corpo e alma, (....) Essa união, todavia, é influenciada pelas obras do homem e pela forma como ele se conduz. Se o homem for puro e sua conduta, agradável aos olhos de Deus, sua união ocorrerá com a parte fêmea de sua alma que o compunha antes do nascimento.” (Zohar ) - Nota: O Zohar é uma coleção de comentários sobre a Torah, com o propósito de guiar aquelas pessoas que já alcançaram níveis espirituais elevados desde a raíz (ou origem) de suas respectivas almas. O Zohar foi escrito pelo Rabino Shimón Bar Yochai(Rashbi), que viveu nos séculos II e III da nossa era.)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O dragão

Falar de limitações é falar de crescimento. De vez em quando nos percebemos lutandos para vencer obstáculos, limitações que de alguma forma nos impedem, diminuem, travam e atrasam. Elas se apresentam diferentemente para cada pessoa, existem as de caráter físico, pode ser uma habilidade à ser dominada, a busca espiritual almejada ou mesmo algo que concretamente não nos limita mas psicologicamente entendemos que sim. Esse último talvez seja o mais abrangente, não se fundamenta em nada concreto, é puro boicote a nós mesmos.

Ao mesmo tempo que vamos ultrapassando esses entraves de alguma forma nos transformamos também. “Ampliamos e alcançamos novas esferas de percepção em permanente crescimento”. Não alcançar no momento exato o que queremos nos chama à reflexão e quando não, nos frustra tremendamente, fazendo-nos duvidar de nossa capacidade. O auto-conhecimento e a transcedência do eu muitas vezes são a chave para desvendar o mistério desse movimento cíclico de tentarmos “matar o dragão” para debelarmos o que nos aflige e limita.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Ser simples é difícil...


Acredito na simplificação da vida para melhor vivê-la. Essa simplificação começa a se impor de acordo com que a maturidade vai exigindo uma postura mais coerente com o que se pensa. Vai desde modelo de sapatos ( incômodos, nunca mais!) até assuntos mais profundos que comprometem decisões mais abrangentes na vida.
Só que a sociedade não recebe bem a simplicidade, ou seja, temos que coadunar nossa simplificação com algumas demandas que não podemos combater, um exemplo: saber fazer algo profissionalmente é mais importante do que ter um certificado que ateste isso. Mas se quisermos conseguir um emprego em determinada posição, mesmo que saibamos fazer com maestria todas as funções, provavelmente exigirão um diploma de qualquer coisa para poder ser candidato ao cargo.
Entendo que esse tipo de regra se estabelece para que os processos sejam rápidos e não se “perca tempo” em avaliações. Só que na maneira simples de ver a vida não existe perda de tempo, existe fazer o melhor da forma mais justa...
E assim se vive, ora conseguindo ser simples ora complicando junto com todo mundo...fazer o que....

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mito


“Não seria muito considerar o mito a abertura secreta através da qual as inexauríveis energias do cosmos penetram nas manifestações culturais humanas.”(Joseph Campbell)

Interessante como o autor consegue compactar em uma frase o significado de mito. Na realidade eles povoam nossa psique e estão contidos em nossos sonhos e desejos mais profundos. Essa é a linha de comunicação entre almas, se posso dizer assim, já que a mitologia consegue atravessar mares, culturas, climas e diferenciadas maneiras de viver, porém mantendo grande parte de seus símbolos com o mesmo teor e poder significativos.

Campbell se utiliza da palavra “secreta” para qualificar tal comunicação entre as manifestações humanas e as energias cósmicas, deixando claro que não é caminho fácil nem acessível a qualquer um. Finalmente percebemos que nós, reles seres humanos somos a ponte entre esses insumos “inexauríveis” e nossa cultura global.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Vivendo no Sagrado - Joseph Campbell

"Tomás de Aquino diz que o objeto estético sugere três momentos: "integritas" - integridade, "consonantia" - harmonia e "claritas" - radiância.

Agora, quando você tem integritas, a totalidade dentro de um quadro assim, a única coisa que conta é a colocação harmoniosa de tudo, a consonantia, aquilo que J.Joyce chama de "ritmo de beleza", que inclui o relacionamento entre as cores, entre as massas e entre os espaços intermediários. Todos esses elementos fazem parte do ritmo harmonioso. quando o ritmo é produzido de forma adequada, a pessoa experimenta a claritas, a radiância: ela vê que o objeto estético é o próprio e não outra coisa, e se mantém em enlevo estético.

Em termos simples podemos dizer que , quando uma situação ou fenômeno evoca em nós um senso de existência, teremos passado por uma experiência desse tipo. O senso de existência evocado pode ser raso ou profundo, mais ou menos intenso, segundo nossa capacidade ou prontidão; mas até um breve choque pode gerar uma experiência da não-mente: quer dizer, a ordem poética, a ordem da arte."

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Poesia, sutil equilíbrio

Quando me distancio da poesia me sinto frágil, sem rumo, sem luz...
Esse estar poético é uma distinta dimensão em meu viver,
Necessária à minha renovação e ao equilíbrio do meu espírito.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

SIMPLESMENTE....ALEGRIA!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Os limites do planeta são nossos....


Vejo a tarefa de “salvar o planeta” do próprio homem como “pregar no deserto”. O que mais me surpreende quando vejo qualquer documentário ou matéria de jornal sobre ecologia, é escutar tão pouco (ou nada) sobre controle de natalidade. Se nossa solução está na preservação de florestas, controle/redução na geração de resíduos, no descarte dos mesmos na terra, rios e mares, fica patente a necessidade de regular, através da conscientização, a natalidade. Temos limites territoriais, portanto temos limites para produção de alimentos, de pesca e provimento de água. Sendo assim a Terra deve ter sua população tanto de seres humanos como de animais, equilibrada com esses recursos disponíveis.
Obviamente que o maior motivo de não se falar em controle de natalidade é a ganância humana que está focada em um “ilimitado” mercado consumidor. Da mesma forma, não se vê religião querendo esse tipo de controle também.
Essa situação não parece ter uma solução adequada a curto e médio prazo, na Europa já se fala em atender a um mercado restrito de consumidores. Volta-se a ideia dos produtos artesanais e com limite de produção. Entendem que não se pode mais crescer 20% ou mais ao ano, em qualquer segmento, sem causar danos ao planeta.
Nossa mentalidade deve se acostumar a ideia de manter-se no mercado pela qualidade, não pela quantidade e com lucros/crescimento limitados. Devemos pensar na quantidade de filhos ideal para que se sobreviva com dignidade e outros também compartilhem essa felicidade. O fator determinante que poderá salvar nosso planeta e a nós mesmos é essa consciência chegar a uma parcela maior da população, e isso, só com uma educação de qualidade!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O meu silêncio...

O meu silêncio é interno…brota de dentro e se alastra pela alma, pelo corpo, exalando em cada poro a minha tristeza. Revela o pesar e a desesperança através dos gestos, da boca, do olhar.
Sentir-se só é melhor nesses momentos em que não conseguimos enxergar melhores tempos. Não há resposta ou explicação que mude ou faça-nos crer em alguma solução. São momentos que todos passamos e nem sempre nos permitimos vivê-los plena e totalmente, tanto em sua miséria como em sua angústia...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Satisfeitos ? Nunca!

Com a luta diária nos apagamos, enfraquecemos e retornamos ao começo da busca. É como um autorama que nunca acaba e sempre recomeça. Quanta frustração, tristeza e cansaço acumulados nesses dias, semanas, meses e anos... Cadê a ideia máxima de simplesmente existirmos ?! Nos damos sentidos tortos, dissonantes com nossas personas e ainda cobramos coerência em nossas vidas...Coerência em ideias, gestos, decisões ..tem limite, tem um validade indeterminada pois as pessoas mudam, a natureza muda, tudo muda e assim, o que foi um dia coerente de repente passa a ser um absurdo.

Enquanto teimarmos em dirigir nossas vidas em vez de percebê-las, tudo continuará errado e com isso ficamos com nossa alegria de viver embotada. Tudo passa a ser triste, cinza e sem luz. Nada nos atrai ou surpreende mais.
As prisões vão se multiplicando de acordo com que nos algemamos ao que é externo a nós e não procuramos respostas em nosso mundo interior. Desconhecemos sua extensão, sua topografia, suas cores e brilho, preferimos o que entra por nossos sentidos e não o que se percebe internamente e sai em forma de poesia e assombro.

Não vamos mais recomeçar, deixe aquele esboço que já foi apagado e rabiscado tantas vezes. Comece do zero:
Cobrança zero
Medos zero
Desejos zero
Vícios zero
Saberes zero
Somos sementes brotando.....

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Intimidade


“A vida ensina que a felicidade jorra da intimidade. Não há outra fonte. Pode haver prazer na apropriação, alegria no encontro, júbilo numa boa surpresa. Porém, felicidade, como profundo deleite do espírito, só na intimidade amorosa, na oração sem imagens e palavras, na contemplação do belo, no acolhimento do ser querido, na entrega ao mistério, na eternização subjetiva de um momento, na poesia de um toque, um gesto, uma palavra que traz em si plenitude.” (Frei Betto)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Fogo & Cinzas


O símbolo da transformação é o fogo. Ele transforma pedras de minério em metal maleável e moldável. É através da morte de um que se faz com que o outro nasça, totalmente novo, diferente, transformado. O mesmo ocorre com a cerâmica, que sem o fogo não se traduz.

É do ser humano perserguir uma mudança maior na vida, em termos mundanos e/ou espirituais, uma transformação...Um dos aspectos é a prontidão que se precisa alcançar, necessária para transpor-se de um lado a outro. Nossa determinação bem como a lucidez para encarar as adversidades que sempre ocorrem, vão traçar as possibilidades de acertos na jornada.

Quais são os insumos dos quais se parte e qual resultado pode-se esperar? Ou seja, espera-se transformar pepino em automóvel ou se pensa em algo mais tangível. O que se está disposto a perder, a “queimar” para chegar àquele novo estado? O sucesso da busca fica por conta dos caminhos escolhidos sabiamente ou não, mistério desvendado mais intuitivamente que racionalmente.

Estamos todos na mesma jornada, uns mais preparados que outros, mais lúcidos ou loucos, todos com suas aspirações variadas...Mas o encontro sempre é no mesmo lugar...dentro de nós mesmos. Assim decidimos continuar a cada nascer do sol, que nos queima, diariamente um pouco de nosso orgulho, ingenuidade, ambição, inveja, força, beleza etc...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Saberes


Outro dia vi um outdoor com o seguinte slogan: “Comece pelo topo” com a foto de um rapaz jovem de terno e gravata. Anunciava uma escola de idiomas...Fiquei pensando na frase e na imagem, até que comecei a rir...Como começar pelo topo? Só por ter domínio de um idioma?!? E os outros aspectos? Tais como: maturidade, know-how, traquejo com o trato interpessoal no trabalho etc. Aí me vem à cabeça a mentalidade brasileira de querer se dar bem em tudo, passando por cima de qualquer coisa.
Na sofreguidão de adquirir conhecimento esquece-se do principal, o aprendizado não depende somente de alguém passá-lo à outro numa sala de aula, precisa-se ter prontidão para que o conhecimento se estabeleça. A prontidão é a reunião de alguns requisitos, podendo ser de variadas origens, psicológicas, formais, informações e/ou experiências anteriores, etc. Lamentavelmente poucas pessoas tentam aprender com o colega mais antigo, o que é pior, muitas vezes tentam combatê-lo dentro do ambiente de trabalho.

Na era da informação vê-se quase nada em termos de crítica da informação, menos ainda do desdobrar da mesma. Conhecimento de nada serve se não for multiplicado e aplicado. Senão corre-se o risco de se tornar PHD de “coisa” nenhuma.

Segue foto de um vaso feito pela Sra. Shoko Suzuki – 80 anos - ceramista autodidata – ela mesma construiu o forno e o torno que trabalha.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Rubem Grilo

Vi um pequeno documentário sobre Rubem Grilo e sua obra (Canal SESC TV) e não precisou muito para vibrar com suas xilogravuras. Ele só se utiliza dessa técnica mas com total maestria e requinte. Não economiza em habilidade e criatividade. Nota-se certa influência de Escher, entre outros que se utilizaram da gravura como expressão, num surrealismo que absorve toques contemporâneos. Ele passa em seus trabalhos imagens que fazem qualquer pessoa parar e tentar desvendar as figuras da composição, iniciando pelas partes e desconcertando a cada detalhe. Ele harmoniza o caos de uma forma única.

Seu atelier é despretencioso tal e qual seu dono, Rubem explica seu trabalho e um pouco de sua trajetória numa postura simples e tranquila, sem expressões de impactos e terminologias retumbantes.
Esse tipo de artista não precisa, e penso que também não queira, ser apelativo ou fazer parte da histeria que circunda o mercado de arte. Seu trabalho hoje é valorizado e isso já deixa qualquer apreciador do genuíno feliz. Gostaria que mais artistas do calibre dele conseguissem chegar ao reconhecimento.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Para Lili

"Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.

Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração.

Não me façam ser quem não sou.

Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente.

Não sei amar pela metade.

Não sei viver de mentira.

Não sei voar de pés no chão.

Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre"


( Clarice Lispector - pessoal não tenho certeza que é dela pois não retirei diretamente de um livro - mas é muito bom! )

quarta-feira, 29 de abril de 2009

“O ego é o inferno” (Osho – livro: “Além das Fronteiras da Mente”)

Geralmente quando estamos em meio a algum problema não percebemos que a maior parte deles nascem das opções e caminhos que escolhemos anteriormente. A frase de Osho esclarece qual seria a maior fonte dos infortúnios humanos: o danado do ego. O resto fica por conta dos desastres naturais e problemas alheios que optamos por adotar, ou seja, quase nada.

Relutamos em aceitar-nos como parte dos problemas. O início de tudo está no “ego” exagerado que nos induz a um conceito de nós mesmos muito positivo, em alguns casos, fora do normal. Se somos tão bacanas, como admitir que certos problemas foram causados por nossa vaidade, egoísmo, ganância entre outras coisinhas menos elevadas?!!
Tem um jeito fácil de perceber quando estamos tendo uma recaída, é quando tomamos uma postura defensiva. Na defensiva deixamos de ouvir o outro, fechamos nossos sentidos para evitarmos a realidade de nós mesmos. Outro jeito é aquela velha fórmula, “o mundo inteiro está errado e nós é temos a razão”.

Precisamos mais do que simplesmente admitir os desvios que fazemos na forma de “entender” as coisas. Claro que não é simples desapegarmos de hábitos antigos e passarmos a exercitar um ponto de vista diferente em nosso cotidiano. Por outro lado pode ser um grande avanço questionarmos como tal problema começou, rebobinar a estória desde de sua origem e assim tentar evitá-lo no futuro.

Creio que Osho carregou demais, o ego é quase um inferno. Afinal temos que nos amar muito mesmo .....

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Jovens & Velhos


Assisti a um programa sobre a velhice no Eurochannel, um formato interessante onde cada um simplesmente falava sobre a questão em suas variadas facetas. Fiquei assombrada como as pessoas entrevistadas se colocaram em relação a velhice e aos idosos em geral. Tinha relatos de crianças, adolescentes e adultos de várias idades, com um intervalo de 30 aos 70 anos, todos alemães. Ou seja, não foram entrevistadas pessoas entre 40 e 60 anos. Quiseram saber a opinião dos bem jovens e dos bem velhos.
Alguns pontos que considero importantes comentar: ambos os lados foram unânimes em não se interessarem pelo o que cada um tem a falar. Os jovens se sentem deslocados nos assuntos dos idosos e vice-versa. O pior é escutar um idoso dizer que não tem nada à aprender com os jovens! Já as crianças tinham mais a noção de que têm bastante a aprender com os velhinhos, porém os adolescentes e adultos não. Uma preocupação constante dos jovens é se terão saúde para aproveitar a velhice, agora não sei se a preocupação é acompanhada de alguma atitude prática. Os idosos já valorizam mais funcionarem mentalmente, a saúde física já é considerada como um bônus adicional, eles se dizem satisfeitos, que tiveram vidas plenas tanto de coisas boas como de sofrimentos. Se olharmos pelo aspecto histórico temos que ressaltar que esses idosos passaram pela segunda guerra e tiveram seus pais evolvidos na primeira...carregam um sofrimento enorme, e muito à ensinar. Mas estão isolados socialmente, pelo menos mais claramente na Alemanha. É triste ver como essas gerações não conseguem aproveitar o que cada uma oferece de bom e se adaptarem da melhor forma possível ao que não é tão bom nesse relacionamento entre as elas. Me decepcionei mais com a ala jovem, principalmente pela total falta de interesse pela experiência vivida por pessoas que passaram por guerra. Infelizmente conclui-se por esse documentário que a humanidade está perdendo o respeito pelos mais velhos e suas experiências, muito enfatizadoe valorizado nas antigas culturas.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Algo sobre Arte

Kandinsky
Comunicadora de tudo que nosso inconsciente acumula ancestralmente, do que pulsa no ser humano e quer sair, se revelar. Esses símbolos, cores, linhas, volume, vazio, sons, significados, etc formam um catálogo de milhões de possibilidades.

Para defini-la somente a sensibilidade e a percepção podem ajudar, mas é necessário estar ligado a uma dimensão sutil, cujo acesso não é alcançado por muitos.

Para realizá-la, precisa-se de uma mistura de desprendimento da realidade (algo insano) com o divino. Esses dois lados se misturam e maltratam o artista, até que através desse embate criador, ele consegue dar vida através da forma, cor, brilho, nuances...Ele extravasa toda a sua inquietação até que finalmente a conclui...deixando um pouquinho de sua alma àquela criação. Ela carrega pra sempre essa energia que a faz diferente de tudo no mundo, caracterizando-a como arte, deixando-a atemporal.

Quando o cansaço e o êxtase deixam o artista ele já inicia um outro embate...
Sempre em busca de sua obra prima!!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Lugar Sagrado

Joseph Campbell diz que todos nós temos que escolher e ter um “lugar sagrado”. O artista geralmente tem seu estúdio ou atelier que faz esse papel. Para os simples mortais, esse espaço pode ser um quarto, um cantinho, algum lugar que se possa colocar as referências estéticas, filosóficas, religiosas etc. Existem outros lugares que são escolhidos por serem fora de nossa rotina, como uma casa de campo, ou praia mas geralmente não podem nos ajudar em nosso cotidiano.
Esse lugar sagrado deve ter imagens, sons, qualquer coisa que nos remeta a nossa essência, que se perceba uma expressão particularizada de nós mesmos. Ele é um refúgio, um útero, um abrigo, uma caverna. Em um mundo que nos distancia o tempo todo do essencial, ele nos ajuda a lembrar o que é importante na vida.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

deusa Fúnebre

(Malczewski, Jacek - Polônia - 1902)
Gostei muito das opções feitas pelo pintor desse quadro.O tema é lugar comum mas a abordagem não. Primeiro por escolher uma mulher linda e forte como a enviada para levar as almas, ela está compenetrada, sua expressão é calma e séria. Percebe-se os tons azulados como se fossem raios da lua sobre a brancura da pele dessa deusa fúnebre. Tudo é sutil, delicado, feminino....
A prontidão com que o ancião recebe-a nos mostra não só a conformidade com aquele momento mas também reverência a algo importante. Creio que seja a morte ideal, não há embate, apego. O que mais nos atrasa nessa vida talvez seja também o motivo de desorientação no outro.

Como, quando e onde morreremos é um mistério mas podemos buscar mais o desapego, principalmente o material, para que possamos enfrentá-la com certa paz e tranquilidade.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Caminho

Levamos tantos anos para compreender um pouco melhor como nosso mundo e o ser humano funcionam. O fato é que a educação que recebemos inicialmente não coaduna com a realidade, daí levamos muito mais tempo para perceber quanto lixo nos foi incutido. Temos primeiro que nos “deseducarmos” dos vários equívocos que entram em nossa estrutura de raciocínio como imutáveis para então começarmos, quase do zero, a construir bases mais razoáveis para o nosso pensar sobre o mundo, sobre a vida.

Atualmente me sinto em constante mudança, a cada dia aprendendo um pouco mais, percebendo mais similaridades que diferenças entre seres de diferentes locais do planeta. Fico feliz por estar deixando a ansiedade (que sempre me comeu viva) vagarosamente ceder lugar a estados de espírito bem mais agradáveis e elevados. Ainda falta muito, mas a cada etapa, o caminho se torna mais interessante que o destino.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Tentativa & Erro


É gostoso desenvolver nossos planos, sejam relativos ao lado profissional ou pessoal, é algo que emociona e entusiasma qualquer um. Pensamos nos detalhes, procuramos mais informações sobre o tema, fazemos esquemas, organizamos etapas. Percebemos que cada detalhe nos aproxima um pouquinho daquele almejado objetivo.

Só que muitas vezes não fazemos o principal, nos lançar ou mesmo finalizar. Pensamos que o dia chegará, mas será que conseguiremos nos desvencilhar das “conveniências”, do “porto seguro”, dos obstáculos? São questões bem difíceis, pois encerram mudanças que nem sempre nos achamos corajosos para iniciar, mas são super necessárias à nossa renovação e aprendizado.

Mesmo que sejamos covardes demais para empreender o projeto ou, mesmo empreendido, que não dê certo, toda essa energia desprendida nunca é à toa. Precisamos entender que essa pode ser uma etapa inical para algo mais à frente.
Toda experiência é válida, basta usarmos as lentes corretas para avaliá-la!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Consumo do tempo da vovó

Muito se fala do consumismo desenfreiado que vivemos. Como reação a isso podemos verificar alguns movimentos tanto em outros países como no Brasil que mostram a possibilidade de sair dessa lavagem cerebral consumista. Quando penso que precisamos diminuir nossas compras, automaticamente penso também na necessidade de diminuirmos antes, o desperdício. Ele acompanha obviamente o consumismo pois estamos comprando mais do que podemos comer, usar, usufruir.

Dentre as várias medidas a primeira é a avaliação do que temos em casa que está quebrado e sem possibilidade de conserto ou aproveitamente, coisas que não gostamos e por isso estão “encalhadas” no armário, outras que simplesmente estão boas também mas enjoamos. Fazendo essa triagem do que jogar fora, do que ficar e do que pode ser doado, além de se conseguir um melhor aproveitamento de espaço ainda fazemos com que pessoas otimizem aqueles materiais dispensáveis para nós.

Aprender algumas coisas do tempo da vovó também ajuda, como: fazer o mínimo com agulha e linha (bainha de calça, pregar um botão, reforçar uma costura), doces de frutas para aproveitá-las bem como reformular as comidas que sobraram. Lembro que hoje em dia isso é uma necessidade tanto para as mulheres como para os homens.

Temos que reagir ao que tentam nos impor como ordem mundial, não “temos” que ser ricos, ter carro novo, celular que grava, tira fotos, filma e dá cambalhota, não precisamos de tantos produtos para sermos felizes....mas precisamos estar conscientes do que somos e qual direção queremos tomar em nossas vidas.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Vida Interna – fantasias – devaneios

Dentro de nós existem vários mundos, eclodindo uma série de pensamentos, imagens, ideias... São como segredos que nos acompanham, alguns tão loucos e descabidos, outros maravilhosamente descabidos.
Não é preciso muito, qualquer estímulo ou a junção de vários: cheiros, rostos, cores, formas etc. Nossa vida “formal” se alimenta muito dessa paralela, creio ser vital para nosso equilíbrio mantê-la. Não causam danos, pois não são explícitas, são vividas na “segurança” da imaginação, fechadas em nossa mudez e de repente reveladas pelo nosso olhar que sempre nos trai. Essa necessidade de fantasiar ou de ser diferente do nosso “eu” cotidiano, nos faz devanear, constuir imagens, sonhos que até podem se tornar realidade algum dia...quem sabe!?

quinta-feira, 19 de março de 2009

Dualidades



Conversando com amigos sobre como essa crise internacional chegou a esse ponto mórbido, tentamos decifrar o que o ser humano está fazendo com sua raça e consequentemente com o mundo. Talvez, das contribuições negativas, o problema mais grave seja o quanto o homem deixou de pensar por si mesmo. Passou a seguir somente o que desce “goela” abaixo, vindo dos meios de comunicação. Não existe área que as pessoas não queiram uma “receita e bolo” para o sucesso (profissional, estética, afetividade etc) e o enriquecimento rápido.

Sabemos que vivemos dualidades nessa nossa existência... onde há muito sol, chega a hora oportuna de vir a chuva, mesmo o amor tem seus momentos de ódio e tensão. Um oposto valida o outro. Quando temos uma sociedade sadia eles se misturam mas o positivo deve prevalece.

Presenciamos dia-a-dia a inversão de valores, será que chegaremos ao ponto de não existir mais a honestidade, só a “Lei de Gerson”? Será que a mentira será a base para as relações humanas e a sinceridade um lapso de comportamento? Caso isso aconteça um dia, penso que não será ruim de todo pois, não confiando em ninguém e em nada, as pessoas terão que pensar por si mesmas, irão criticar a informação que chega e buscar a que não chega. Isso trará uma contribuição individual positiva que, com o tempo irradiará para o mundo. As pessoas se recolherão e buscarão seu auto-conhecimento, e isso trará luz para nascer uma nova sociedade. Como já falamos, ninguém é só bom ou ruim, buscando o conhecimento de si mesmo o homem enxergará seu poder de auto-controle e por livre arbítrio irá escolher o quanto estimulará as sementes positivas e negativas que possui...nascendo uma nova dualidade.

terça-feira, 17 de março de 2009

Fernando Pessoa - 1934

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

solidão@parafernáliaeletrônica.com.br



Não é novidade, mas cada vez mais as pessoas parecem crer que nasceram com a necessidade de ficarem “plugadas” 24h com algum tipo de comunicador. Invariavelmente num ambiente de trabalho fica-se com e-mail, messenger, fax, telefone fixo(com dispositivo de conferência, viva voz etc) e celular ligados. Até aí, tudo bem. Trabalho é trabalho, nesse contexto todos esses dispositivos são válidos... por 08 horas. O interessante é que, cada vez mais pessoas estão adquirindo os mesmos aparelhos para suas casas e depois do trabalho ainda continuam dispensando horas com comunicação virtual.... ( ) ouvi alguém colocar a carapuça?! Mal se comunicam com seus familiares...comem algo em frente aos computadores, recebem ao mesmo tempo várias mensagens de texto no celular e no MSN enquanto dedilham algum e-mail.

Pode-se perceber um comportamento peculiar, e cada vez mais frequente, que nasceu com o telefone celular. As pessoas despejando suas carências nesse pequeno aparelho - assim escutamos: “Estou saindo do ônibus” ou “Já terminei o almoço”. Elas estão ligando para outras pessoas que têm esse mesmo quadro afetivo e relatando cada etapa de suas rotinas....lembro: rotinas. Nesse caminho, as pessoas vão se transformar em que?

Parecemos entorpecidos com tantas novidades eletrônicas, chega-se ao cúmulo de pessoas se sentirem numa competição para quem vai adquirir o aparelhinho mais “muderno”. Infelizmente, apesar de tanta parafernália eletrônica estamos ficando cada vez mais sozinhos, carentes e frequentando menos a casa das pessoas que gostamos. Uma conversa por telefone não substitui a cumplicidade e o calor humano de um encontro. A escrita sempre vai causar danos às relações. Não podemos perceber quando o outro está com os olhos cheios d’agua, e assim passamos a outros assuntos sem dar a devida atenção e carinho. Com toda essa modernidade perdemos a comunicação do corpo e os seus encantadores e sutis detalhes.

E-mail é bom, blog é bom, celular é bom mas o contato humano é sempre melhor!! Seria ideal escolhermos momentos sagrados os quais desligamos os celulares, blackberries etc. São eles: as refeições, quando fazemos alguma atividade física ou meditativa (exercícios, yoga, passeio de bicicleta etc), namorando, ouvindo música, vendo a lua, tomando um vinho; ou seja, todos aqueles momentos que não devemos interromper. Esteja inteiramente presente para aproveitar, com qualidade, os pequenos e importantes momentos da vida!

quinta-feira, 5 de março de 2009

100% Tudo e Nada


Não existe pessoa humana 100% honesta, 100% sincera, 100% ética, 100% alguma raça (estamos todos miscigenados não adianta querer levantar bandeira étnica, seja ela qual for) ou qualquer outro 100% .

Isso faz parte da condição humana, dinâmica, questionadora e melhor, que muda constantemente em vários sentidos de seu existir. Qualquer coisa diferente dessa miscelânea que nos tornamos é venda de imagem ou às vezes pior, da alma.

Por outro lado não podemos nos distanciar dos princípios básicos e universais, existindo cada vez mais precariamente em nossa sociedade. Vemos desculpas de todo o tipo para justificar os abusos. Trabalhando nosso caráter dentro desses pilares e passando-os para as próximas gerações, estaremos fazendo não só a “nossa parte”, como também ajudando na manutenção da estrutura de nosso viver, que é a sociedade. Lembro que essa incumbência é da família, pois a escola não é a responsável por isso, mesmo trabalhando esses conceitos.

Somos todos como icebergs, temos uma pequena parte de nós à mostra, porém a maior está oculta sob uma série de conceitos, preconceitos, tabus, medos, ansiedades, religiosidades, complexos etc. Necessariamente a parte oculta não é negativa, muitas vezes escondemos tesouros também. Muitos homens vêm a sensibilidade como fraqueza, mal sabem eles como é sedutora. A criatividade se esconde muitas vezes na rotina e no trabalho automático. E o mais importante, a nossa vida interior, todinha está lá e poucos a exercitam.

Ser ou não ser essa não é a questão. Tentemos algum equilíbrio, talvez o famoso “caminho do meio” para servir como parâmetro em nossas opções do dia-a-dia. Pense em quanta coisa bonita você tem para mostrar...e revele-as ao máximo!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Quando nos tornamos deuses


O esplendor da natureza nos remete ao desconhecido, ao sagrado. As cores, cheiros, sons e luzes que aparecem por ação simples da natureza nos tocam profunda e eternamente. Essa comunicação ocorre através dos sentidos que vão preenchendo gradativamente de assombro o nosso corpo, chegando então em nossa alma. Assim se eternizam momentos de puro êxtase e graça. Nesses momentos conectamos com nosso lado mais sagrado, nos tornamos pequenos deuses.