sexta-feira, 20 de março de 2009

Vida Interna – fantasias – devaneios

Dentro de nós existem vários mundos, eclodindo uma série de pensamentos, imagens, ideias... São como segredos que nos acompanham, alguns tão loucos e descabidos, outros maravilhosamente descabidos.
Não é preciso muito, qualquer estímulo ou a junção de vários: cheiros, rostos, cores, formas etc. Nossa vida “formal” se alimenta muito dessa paralela, creio ser vital para nosso equilíbrio mantê-la. Não causam danos, pois não são explícitas, são vividas na “segurança” da imaginação, fechadas em nossa mudez e de repente reveladas pelo nosso olhar que sempre nos trai. Essa necessidade de fantasiar ou de ser diferente do nosso “eu” cotidiano, nos faz devanear, constuir imagens, sonhos que até podem se tornar realidade algum dia...quem sabe!?

quinta-feira, 19 de março de 2009

Dualidades



Conversando com amigos sobre como essa crise internacional chegou a esse ponto mórbido, tentamos decifrar o que o ser humano está fazendo com sua raça e consequentemente com o mundo. Talvez, das contribuições negativas, o problema mais grave seja o quanto o homem deixou de pensar por si mesmo. Passou a seguir somente o que desce “goela” abaixo, vindo dos meios de comunicação. Não existe área que as pessoas não queiram uma “receita e bolo” para o sucesso (profissional, estética, afetividade etc) e o enriquecimento rápido.

Sabemos que vivemos dualidades nessa nossa existência... onde há muito sol, chega a hora oportuna de vir a chuva, mesmo o amor tem seus momentos de ódio e tensão. Um oposto valida o outro. Quando temos uma sociedade sadia eles se misturam mas o positivo deve prevalece.

Presenciamos dia-a-dia a inversão de valores, será que chegaremos ao ponto de não existir mais a honestidade, só a “Lei de Gerson”? Será que a mentira será a base para as relações humanas e a sinceridade um lapso de comportamento? Caso isso aconteça um dia, penso que não será ruim de todo pois, não confiando em ninguém e em nada, as pessoas terão que pensar por si mesmas, irão criticar a informação que chega e buscar a que não chega. Isso trará uma contribuição individual positiva que, com o tempo irradiará para o mundo. As pessoas se recolherão e buscarão seu auto-conhecimento, e isso trará luz para nascer uma nova sociedade. Como já falamos, ninguém é só bom ou ruim, buscando o conhecimento de si mesmo o homem enxergará seu poder de auto-controle e por livre arbítrio irá escolher o quanto estimulará as sementes positivas e negativas que possui...nascendo uma nova dualidade.

terça-feira, 17 de março de 2009

Fernando Pessoa - 1934

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

solidão@parafernáliaeletrônica.com.br



Não é novidade, mas cada vez mais as pessoas parecem crer que nasceram com a necessidade de ficarem “plugadas” 24h com algum tipo de comunicador. Invariavelmente num ambiente de trabalho fica-se com e-mail, messenger, fax, telefone fixo(com dispositivo de conferência, viva voz etc) e celular ligados. Até aí, tudo bem. Trabalho é trabalho, nesse contexto todos esses dispositivos são válidos... por 08 horas. O interessante é que, cada vez mais pessoas estão adquirindo os mesmos aparelhos para suas casas e depois do trabalho ainda continuam dispensando horas com comunicação virtual.... ( ) ouvi alguém colocar a carapuça?! Mal se comunicam com seus familiares...comem algo em frente aos computadores, recebem ao mesmo tempo várias mensagens de texto no celular e no MSN enquanto dedilham algum e-mail.

Pode-se perceber um comportamento peculiar, e cada vez mais frequente, que nasceu com o telefone celular. As pessoas despejando suas carências nesse pequeno aparelho - assim escutamos: “Estou saindo do ônibus” ou “Já terminei o almoço”. Elas estão ligando para outras pessoas que têm esse mesmo quadro afetivo e relatando cada etapa de suas rotinas....lembro: rotinas. Nesse caminho, as pessoas vão se transformar em que?

Parecemos entorpecidos com tantas novidades eletrônicas, chega-se ao cúmulo de pessoas se sentirem numa competição para quem vai adquirir o aparelhinho mais “muderno”. Infelizmente, apesar de tanta parafernália eletrônica estamos ficando cada vez mais sozinhos, carentes e frequentando menos a casa das pessoas que gostamos. Uma conversa por telefone não substitui a cumplicidade e o calor humano de um encontro. A escrita sempre vai causar danos às relações. Não podemos perceber quando o outro está com os olhos cheios d’agua, e assim passamos a outros assuntos sem dar a devida atenção e carinho. Com toda essa modernidade perdemos a comunicação do corpo e os seus encantadores e sutis detalhes.

E-mail é bom, blog é bom, celular é bom mas o contato humano é sempre melhor!! Seria ideal escolhermos momentos sagrados os quais desligamos os celulares, blackberries etc. São eles: as refeições, quando fazemos alguma atividade física ou meditativa (exercícios, yoga, passeio de bicicleta etc), namorando, ouvindo música, vendo a lua, tomando um vinho; ou seja, todos aqueles momentos que não devemos interromper. Esteja inteiramente presente para aproveitar, com qualidade, os pequenos e importantes momentos da vida!

quinta-feira, 5 de março de 2009

100% Tudo e Nada


Não existe pessoa humana 100% honesta, 100% sincera, 100% ética, 100% alguma raça (estamos todos miscigenados não adianta querer levantar bandeira étnica, seja ela qual for) ou qualquer outro 100% .

Isso faz parte da condição humana, dinâmica, questionadora e melhor, que muda constantemente em vários sentidos de seu existir. Qualquer coisa diferente dessa miscelânea que nos tornamos é venda de imagem ou às vezes pior, da alma.

Por outro lado não podemos nos distanciar dos princípios básicos e universais, existindo cada vez mais precariamente em nossa sociedade. Vemos desculpas de todo o tipo para justificar os abusos. Trabalhando nosso caráter dentro desses pilares e passando-os para as próximas gerações, estaremos fazendo não só a “nossa parte”, como também ajudando na manutenção da estrutura de nosso viver, que é a sociedade. Lembro que essa incumbência é da família, pois a escola não é a responsável por isso, mesmo trabalhando esses conceitos.

Somos todos como icebergs, temos uma pequena parte de nós à mostra, porém a maior está oculta sob uma série de conceitos, preconceitos, tabus, medos, ansiedades, religiosidades, complexos etc. Necessariamente a parte oculta não é negativa, muitas vezes escondemos tesouros também. Muitos homens vêm a sensibilidade como fraqueza, mal sabem eles como é sedutora. A criatividade se esconde muitas vezes na rotina e no trabalho automático. E o mais importante, a nossa vida interior, todinha está lá e poucos a exercitam.

Ser ou não ser essa não é a questão. Tentemos algum equilíbrio, talvez o famoso “caminho do meio” para servir como parâmetro em nossas opções do dia-a-dia. Pense em quanta coisa bonita você tem para mostrar...e revele-as ao máximo!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Quando nos tornamos deuses


O esplendor da natureza nos remete ao desconhecido, ao sagrado. As cores, cheiros, sons e luzes que aparecem por ação simples da natureza nos tocam profunda e eternamente. Essa comunicação ocorre através dos sentidos que vão preenchendo gradativamente de assombro o nosso corpo, chegando então em nossa alma. Assim se eternizam momentos de puro êxtase e graça. Nesses momentos conectamos com nosso lado mais sagrado, nos tornamos pequenos deuses.

Canção Amiga - Carlos Drumont de Andrade


Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.