sexta-feira, 29 de maio de 2009

Satisfeitos ? Nunca!

Com a luta diária nos apagamos, enfraquecemos e retornamos ao começo da busca. É como um autorama que nunca acaba e sempre recomeça. Quanta frustração, tristeza e cansaço acumulados nesses dias, semanas, meses e anos... Cadê a ideia máxima de simplesmente existirmos ?! Nos damos sentidos tortos, dissonantes com nossas personas e ainda cobramos coerência em nossas vidas...Coerência em ideias, gestos, decisões ..tem limite, tem um validade indeterminada pois as pessoas mudam, a natureza muda, tudo muda e assim, o que foi um dia coerente de repente passa a ser um absurdo.

Enquanto teimarmos em dirigir nossas vidas em vez de percebê-las, tudo continuará errado e com isso ficamos com nossa alegria de viver embotada. Tudo passa a ser triste, cinza e sem luz. Nada nos atrai ou surpreende mais.
As prisões vão se multiplicando de acordo com que nos algemamos ao que é externo a nós e não procuramos respostas em nosso mundo interior. Desconhecemos sua extensão, sua topografia, suas cores e brilho, preferimos o que entra por nossos sentidos e não o que se percebe internamente e sai em forma de poesia e assombro.

Não vamos mais recomeçar, deixe aquele esboço que já foi apagado e rabiscado tantas vezes. Comece do zero:
Cobrança zero
Medos zero
Desejos zero
Vícios zero
Saberes zero
Somos sementes brotando.....

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Intimidade


“A vida ensina que a felicidade jorra da intimidade. Não há outra fonte. Pode haver prazer na apropriação, alegria no encontro, júbilo numa boa surpresa. Porém, felicidade, como profundo deleite do espírito, só na intimidade amorosa, na oração sem imagens e palavras, na contemplação do belo, no acolhimento do ser querido, na entrega ao mistério, na eternização subjetiva de um momento, na poesia de um toque, um gesto, uma palavra que traz em si plenitude.” (Frei Betto)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Fogo & Cinzas


O símbolo da transformação é o fogo. Ele transforma pedras de minério em metal maleável e moldável. É através da morte de um que se faz com que o outro nasça, totalmente novo, diferente, transformado. O mesmo ocorre com a cerâmica, que sem o fogo não se traduz.

É do ser humano perserguir uma mudança maior na vida, em termos mundanos e/ou espirituais, uma transformação...Um dos aspectos é a prontidão que se precisa alcançar, necessária para transpor-se de um lado a outro. Nossa determinação bem como a lucidez para encarar as adversidades que sempre ocorrem, vão traçar as possibilidades de acertos na jornada.

Quais são os insumos dos quais se parte e qual resultado pode-se esperar? Ou seja, espera-se transformar pepino em automóvel ou se pensa em algo mais tangível. O que se está disposto a perder, a “queimar” para chegar àquele novo estado? O sucesso da busca fica por conta dos caminhos escolhidos sabiamente ou não, mistério desvendado mais intuitivamente que racionalmente.

Estamos todos na mesma jornada, uns mais preparados que outros, mais lúcidos ou loucos, todos com suas aspirações variadas...Mas o encontro sempre é no mesmo lugar...dentro de nós mesmos. Assim decidimos continuar a cada nascer do sol, que nos queima, diariamente um pouco de nosso orgulho, ingenuidade, ambição, inveja, força, beleza etc...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Saberes


Outro dia vi um outdoor com o seguinte slogan: “Comece pelo topo” com a foto de um rapaz jovem de terno e gravata. Anunciava uma escola de idiomas...Fiquei pensando na frase e na imagem, até que comecei a rir...Como começar pelo topo? Só por ter domínio de um idioma?!? E os outros aspectos? Tais como: maturidade, know-how, traquejo com o trato interpessoal no trabalho etc. Aí me vem à cabeça a mentalidade brasileira de querer se dar bem em tudo, passando por cima de qualquer coisa.
Na sofreguidão de adquirir conhecimento esquece-se do principal, o aprendizado não depende somente de alguém passá-lo à outro numa sala de aula, precisa-se ter prontidão para que o conhecimento se estabeleça. A prontidão é a reunião de alguns requisitos, podendo ser de variadas origens, psicológicas, formais, informações e/ou experiências anteriores, etc. Lamentavelmente poucas pessoas tentam aprender com o colega mais antigo, o que é pior, muitas vezes tentam combatê-lo dentro do ambiente de trabalho.

Na era da informação vê-se quase nada em termos de crítica da informação, menos ainda do desdobrar da mesma. Conhecimento de nada serve se não for multiplicado e aplicado. Senão corre-se o risco de se tornar PHD de “coisa” nenhuma.

Segue foto de um vaso feito pela Sra. Shoko Suzuki – 80 anos - ceramista autodidata – ela mesma construiu o forno e o torno que trabalha.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Rubem Grilo

Vi um pequeno documentário sobre Rubem Grilo e sua obra (Canal SESC TV) e não precisou muito para vibrar com suas xilogravuras. Ele só se utiliza dessa técnica mas com total maestria e requinte. Não economiza em habilidade e criatividade. Nota-se certa influência de Escher, entre outros que se utilizaram da gravura como expressão, num surrealismo que absorve toques contemporâneos. Ele passa em seus trabalhos imagens que fazem qualquer pessoa parar e tentar desvendar as figuras da composição, iniciando pelas partes e desconcertando a cada detalhe. Ele harmoniza o caos de uma forma única.

Seu atelier é despretencioso tal e qual seu dono, Rubem explica seu trabalho e um pouco de sua trajetória numa postura simples e tranquila, sem expressões de impactos e terminologias retumbantes.
Esse tipo de artista não precisa, e penso que também não queira, ser apelativo ou fazer parte da histeria que circunda o mercado de arte. Seu trabalho hoje é valorizado e isso já deixa qualquer apreciador do genuíno feliz. Gostaria que mais artistas do calibre dele conseguissem chegar ao reconhecimento.