Lua de Barro
a Arte e suas correlações...
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024
quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
Verdades Antigas e Atuais
Fotografia de Manuel Vieira
"As pessoas se contentam com um nível de desespero que podem tolerá-lo e chamar isso de felicidade."
Soren Kierkegaard (1813 - 1855)
terça-feira, 9 de janeiro de 2024
O Alimento da Alma
"Certamente eu disse, o conhecimento é o alimento da alma; e precisamos ter cuidado, meu amigo, para que o sofista não nos iluda quando elogia o que vende, como os vendedores atacadistas ou varejistas que vendem o alimento para o corpo; pois eles elogiam indiscriminadamente todos os seus artigos, sem saberem quais são os realmente benéficos ou prejudiciais: nem tampouco o sabem os fregueses deles, salvo um educador ou médico que porventura deles compre.
Analogamente, os que conduzem os produtos do saber, e perambulam pelas cidades, vendem-nos ou distribuem-nos a qualquer freguês o que deles esteja necessitando, elogiando-os da mesma maneira; embora eu não duvide, ó meu amigo, que muitos deles ignorem de fato o efeito deles sobre a alma, da mesma forma que seus fregueses, a menos que o que deles compre seja um médico da alma.
Se, portanto, vós compreendeis o bem e o mal, podeis com segurança adquirir conhecimentos de Protágoras ou de qualquer outro; porém, se não é esse o caso, ó meu amigo, parai e não arrisqueis vossos mais caros interesses em um jogo de azar. Portanto há perigo bem maior na aquisição de conhecimento do que na compra de carne e bebidas..." (Platão, Protágoras)
OS AMANTES DA ESCRAVIDÃO
Para o controle, doutrinação e sedação massiva
da população mundial, a tecnologia se mostrou a droga mais eficaz em todos os
sentidos e em todos os tempos historicamente registrados. As redes sociais,
canais de “informação” e “imprensa
oficial”, são hoje, seguidas por bilhões de pessoas que não pensam mais, aceitam
passivamente o que lhes é apresentado, e pior, replicam e divulgam para outros,
como verdade, conteúdos com diferentes abordagem e alguns com objetivos
nefastos. O que importa é distrair /sedar massivamente as pessoas e assim elas não
perceberão, ou não se importarão com os desmandos dos governos, com as
inverdades generalizadas, nem com os ataques a democracia em proporções
planetárias.
Cada vez mais as notícias de primeira mão no
Google, Bind etc são sobre frivolidades, elegendo cada vez mais “celebridades”,
foco das notícias de cunho chulo, com
frequencia e volume assustadores. Sem falar na febre dos videos curtos que
mantêm as pessoas sedadas por horas diante da pequena tela.
Indubitavelmente esse processo ocorre de forma
mais ampla nos países subdesenvolvidos como o Brasil. Não há crítica da
informação em um povo sem recursos intelectuais. Para se avaliar uma informação
de forma mais efetiva, precisa-se de alguma bagagem sobre história, geografia e/ou
conhecimentos gerais que proporcionem uma análise. Há décadas que não se vê
ação no governo brasileiro para melhorar a educação escolar. Faço uma exceção
aos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), projeto belissamente estruturado pelo Sr.
Darcy Ribeiro em 1983, infelizmente foi decaindo em qualidade até ser descontinuado após alguns anos pelos motivos óbvios. É patente o interesse
do governo brasileiro em manter a população ignorante e miserável, receita
antiga de manobrar e manter os “currais” eleitorais.
Hoje, enquanto os agricultores da Alemanha estão
na maior manifestação do século em Berlim e em outras cidades, esses canais
estão divulgando as fofocas e receitas dos “famosos” locais e internacionais.
Nenhuma linha sobre as manifestações na França e Holanda também. Não se fala do
excesso de mortes no mundo todo, já comprovado estatisticamente, e quando se
fala, não mencionam o motivo, claro. Tudo que é realmente importante e
esclarecedor nos dias de hoje, precisa ser pesquisado em canais que surgiram
para suprir esse déficit de verdade e informações relevantes do Brasil e do
mundo.
Os donos do mundo nunca estiveram tão perto do
sonho do domínio planetário, entretanto, acredito que o segundo “round” dessa
luta será para definir quem afinal será o ditador número um, esse provavelmente
desencadeará a terceira guerra mundial.
Cada vez mais a agenda 2030 chega mais perto de
ser instaurada e daqui a pouco teremos a seguinte “verdade” aceita pela maioria:
“Você não vai ter nada, vai ser feliz e irá
amar a sua escravidão”.
terça-feira, 9 de maio de 2023
Brasil braseiro
Helena Erthal
Vou me retirar
Quero partir dessa
realidade que amordaça e encarcera.
Quero estar surda aos abusos e num longo grito,
soltar a minha indignação.
Leis manipuladas,
juízes que, com canetas afiadas,
cortam a garganta dos
que tentam lutar.
Muita ganância e
estrume nas mentes dos que mandam e
Muita desesperança
naqueles que protestaram e estão aprisionados
Sim, serão condenados à pedido da ₴uprema Corte despótica
Esse grupo seleto de repressão quer se vingar
das perigosas idosas religiosas, dos estudantes,
farmacêuticos, donas de casa,
pelo delito de expressarem a mais contundente revolta.
Cansada da
mentalidade que reina,
das guerrinhas
políticas em redes sociais, que agem
Como crianças que disputam
um brinquedo.
Seria bom se as
labaredas desse Brasil, uma vez tornado inferno,
purificassem toda essa
iniquidade,
que sobrasse somente
os animais e plantas,
imunes às chamas
movidas à ambição e poder.
Vou para o infinito
da minha mente,
Lá me refugiar,
quietinha, para que ninguém me ache.
Para que não me
torturem com seus discursos programados, cheios de abusos e injustiças
Para que não me
alcancem com suas mãos ávidas ao que é dos outros
E assim deixar de ver
e ouvir o que de pior o ser humano pode exalar e realizar “em nome do bem
comum”.
segunda-feira, 8 de maio de 2023
Antoine Exupéry perto do avião que caiu no Deserto do Saara em 30 de Dezembro de 1935
Estou lendo “A terra
dos homens” de Antoine de Saint-Exupéry...que livro!! As histórias têm por contexto
a segunda guerra mundial, tempo de pessoas intrépidas, que viviam arriscando
suas vidas como algo do dia-a-dia. Período onde a Lei não coibia abusos
laborais e parecia que as pessoas não os viam dessa forma, e sim como desafios
à serem enfrentados.
É um livro de cunho
autobiográfico, pois Exupéry começou sua carreira de piloto de linha voando
entre Toulouse, Casablanca e Dacar e realmente ajudou a implantar rotas de
correio aéreo na África, América do Sul e Atlântico Sul. Percebemos a
veracidade desses fatos pela maneira como descreve em detalhes as privações da
sede no deserto à beira da morte, como é estar com pessoas que estão indo para
o front, entre outras experiências únicas e difíceis de viver.
Ele realmente era destemido e aberto a experiências encantadoras, como em
um dos trechos abaixo.
“Obrigado a descer,
de outra feita, em uma região de areia espessa, esperava a madrugada. As
colinas de ouro ofereciam à lua suas vertentes luminosas, e as vertentes de sombra
subiam até os limites da luz. Naquela paisagem deserta de sombra e lua, reinava
uma paz de trabalho suspenso e também um silêncio de cilada. No seio desse
silêncio, adormeci.
Quando despertei, vi
apenas a bacia do céu noturno, porque eu me havia estirado sobre um monte, os
braços em cruz. O rosto voltado para aquele aquário de estrelas. Sem
compreender ainda o que via, sem saber em que profundeza mergulhava os olhos,
fui presa de uma vertigem, sem uma raiz a que me agarrar, sem um teto, um ramos
de árvore entre mim e aquela profundeza, solto, largado na queda como um
mergulhador.
Mas não caí. Da
cabeça aos pés, estava ligado à terra. Sentia uma espécie de apaziguamento,
abandonando-lhe o meu peso. A força da
gravidade me aparecia, de repente, soberana como o amor.
Sentia a terra escorar meus rins,
sustentar-me, erguer-me, trasnportar-me no espaço noturno. Descobri-me ligado
ao meu astro por um peso semelhante a esse peso que na curva nos liga a um
carro, e gozei esse estreitamento admirável, essa solidez, essa segurança.
Adivinhei, sob o meu corpo, a curva de meu barco.
Tinha tão perfeita a
consciência de estar sendo transportado que teria ouvido sem surpresa subir do
fundo das terras a lamentação dos materiais que se reajustam no esforço, o
gemido dos velhos veleiros que se chegam ao ancoradouro, o longo, áspero grito
das lanchas aflitas. Mas o silêncio continuava na espessura das terras. Mas
aquele peso de meu corpo, aquele peso em meus ombros eu o sentia harmonioso,
nobre, eternamente uniforme. Eu sentia bem que habitava esta pátria, como os
corpos dos forçados das galés, mortos, com seu lastro de chumbo, habitavam o
fundo dos mares.
Meditava sobre a
minha condição, perdido no deserto e ameaçado, nu entre a areia e as estrelas,
afastados por um longo silêncio dos polos de minha vida. Sabia que haveria de
gastar, para voltar às minhas terras, dias, semanas, meses, se nenhum avião me
encontrasse, se os mouros não me massacrassem no dia seguinte. Não possuía mais
nada no mundo. Era apenas um mortal perdido entre a areia e as estrelas,
consciente da única doçura de respirar...”
Hoje em dia
dificilmente encontraremos pessoas com fibra similar aos “personagens” que
viveram aquelas aventuras e vicissitudes, e o mais importante é tentar
alimentar em nós uma atitude corajosa e entusiasmada diante da vida.
O que mais me
emociona, e sei que raramente encontrarei em outros autores, é o talento em
descrever tudo isso pelo modo filosófico, sensível e posso dizer, espiritual.
Há uma verdade humana no fundo de cada história, conectada a algo universal e
sagrado. E ao longo da leitura vou grifando cada pérola sensível e poética,
querendo absorver mais do que minha percepção alcança pois antevejo a riqueza
de algo que talvez ainda não consiga enxergar.
É o tipo de livro
para se reler de tempos em tempos pois em cada momento diferente de nossas
vidas conseguiremos captar novos tesouros.
“Temam menos a morte
e mais a vida insuficiente” (Berthold Brecht)