“As fundações de nossa capacidade
para diferenciar entre bem e mal são assentadas na infância; a princípio no que
toca as funções fisiológicas e depois com referência a questões de
comportamento mais complexas. A criança adquire um sentimento de distinção
entre o que é bom ou mau antes de aprender a diferença pelo raciocínio.” (Erich
Fromm – “A Análise do Homem” - pag 20)
Antes de ser mãe costumava ter um olhar crítico
observando como as outras pessoas educavam seus filhos.
Assim que me tornei mãe vi que a empreitada é
bem mais complicada pois fazemos comparações com base na educação que tivemos,
tanto nos erros como nos acertos, essa educação teve um contexto histórico e
social bem diferentes do atual. O que se precisa ter em mente é que o bom
resultado da educação familiar tem variáveis, tais como: originalidade de cada
ser, aspectos (físicos, neurológicos etc) inatos de cada filho, contexto social
e a mentalidade vigente, pouco contato dos pais com os filhos por motivos de
trabalho e às vezes a falta de habilidade que cada educador(pais ou outros) tem
de se comunicar, tratar e reagir junto aos filhos.
Os pais não devem ter medo de perder o afeto de
seus filhos ao corrigir as ações que não condizem com os princípios básicos de
respeito a si e ao outro, responsabilidade, honestidade, trato cordial, e responsabilidade
por seus atos e palavras. Quando os pais são omissos, as crianças se sentem
inseguras, sem um “norte”, isso sim, é uma grande abertura para a adoção de
valores inversos. A educação familiar é a raiz, a base de um ser humano.
Atualmente os pais têm muita dificuldade de
serem firmes e de corrigirem os desvios em tempo real. Existe também uma
mentalidade de “reverenciar” os filhos, forma absurda e permissiva, o que
lembra a frase “Muitos querem ter filhos, mas nem todos querem ser pais.” Não
se deve pensar que as crianças serão educadas na escola, lá é outro ambiente, sendo
que a proposta é adquirir conhecimento, a base de valores e princípios deve vir
da família. Atualmente poucas escolas trabalham com filosofia pedagógica, a qual seria o fio
condutor de todos os projetos daquela instituição. Algumas tratam os alunos como “clientes”
à serem agradados, algo como “vender educação”. A escola que pensa dessa forma
tem que fechar as portas em minha opinião. A instituição educacional deve respeitar
o aluno e ensiná-lo a respeitar, deve prover uma formação de qualidade e
coerente com a filosofia da escola, oferecendo um ambiente sadio, limpo e cheio
de estímulos que colaborem para a formação de princípios e valores elevados.
A
mentalidade deve ser a de respeitar sim as individualidades de cada um, porém um
direito se esvai quando o desrespeito se inicia pela outra parte,
principalmente se ela for menor de idade. A criança na primeira infância (0 a 6
anos) não tem insumos para saber o que é bom ou não para ela, por isso eles
precisam de atenção, orientação e correção dos desvios.
Como diria Rubem Alves, devemos ensinar as
crianças a pensar, uma vez desenvolvida essa habilidade, ela terá facilidade de
aprender de tudo na vida. Em tempos de divulgação em massa de informações de
todo tipo e teor, devemos acrescentar a crítica da informação em nossos
esforços em preparar os pequenos para a vida. Para que, ao acessarem uma
informação, tenham por hábito checar historicamente se faz sentido o que está
sendo veiculado e decidir o que fazer com ela, mesmo que tenha que ir “contra a
maré” da maioria.
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