O senso comum classifica a energia do ser
humano de acordo com a idade cronológica, evidenciando assim a decrepitude
física e mental do mesmo. Inevitavelmente diferenças vão acontecer no físico
das pessoas porque gastamos o corpo ao longo da vida, todavia, nosso corpo estará
melhor ou pior de acordo com o uso/trato dispensados à ele ao longo dos anos. Diferentemente do corpo,
tenho pra mim que a mente fica melhor na mesma proporção do quanto é usada,
pois ela não se gasta, ela se desenvolve com o uso, no entanto, também pode sofrer com o pouco cuidado que tivermos com nossa alimentação e hábitos diários. Ela também será o resultado
da qualidade do pensamos e sentimos, bem como do que imputamos nela. Isso tudo para dizer que,
necessariamente, não ficaremos gagás e decrépitos tão inevitavelmente como
falam por aí.
Ocorre um “Rito de passagem” não
muito divulgado, entre os 30 / 40 anos de idade, que desestrutura o ser
humano. Um questionamento geral, que
abrange todos os setores da vida, como se fosse uma “faxina”.
Tem pessoas que não suportam a violência
desse furacão e caem em profunda depressão. Outras, agem de forma a
corrigir os desvios, uns se divorciam, outros mudam de cidade, de trabalho, voltam
a estudar, mudam de profissão....Enfim, se libertam dos grilhões que impediam a
felicidade e a realização da real jornada.
Vivi esse Rito com muita intensidade, e
acredito que, por conta disso, chego aos 49 anos com corpo e alma renovados, percebo que quanto mais o tempo passa, tenho mais “gana” de viver,
aprender, experimentar, me divertir e, principalmente, me emocionar. Essa
paixão é um combustível fantástico, me impulsionando à novas aventuras e
experiências. Obviamente ficamos mais seletivos em relação a tudo: no alimento que
ingerimos, nas leituras, no consumo cultural, nas relações com as
pessoas. Também passamos a nos dedicar mais às
pessoas que amamos.
Isso, que nada mais é que a tão difamada
maturidade, traz também a paz, ainda que não seja plena, mas legítima,
amalgamada com nossos avanços espirituais.