quinta-feira, 4 de julho de 2013

Domínio e libertação


“Deixai toda a esperança, ó vois que entrais.”
( O Inferno –A Divina Comédia – Autor: Dante Alighieri)

Ao adquirir a dependência e/ou compulsão por qualquer substância vive-se o próprio inferno, a desesperança. A vulnerabilidade humana ao vício é enorme, certo que nenhum de nós pode dizer não ter convivido com esse problema em algum grau ou com alguém vivendo essa situação. Me refiro a todos os tipos: tabaco, álcool, ter compulsão por qualquer coisa ( comer, beber,...), drogas lícitas e ilícitas, etc.

Quando o nível de dependência se agrava, o amor próprio desaparece, dificilmente as pessoas próximas aguentam presenciar a auto-destruição do ente querido e acabam desistindo e saindo de cena. Tem a figura do “amigo” que contribui mais ainda para o vício, muitas vezes possuidor do mesmo problema,  e assim piorando a situação. E tem o amigo de verdade que tenta ajudar, mas a pessoa que se encontra envolvida, acaba se fechando ao contato, as vezes por vergonha de ainda não corresponder as expectativas de recuperação das pessoas que se importam com ele.

Uma experiência que me fez refletir e sentir minimamente como seria ser dominada, foi com o tabaco. Foi há muitos anos, eu comecei a fumar em 1982 aos tenros 18 anos e, como todo fumante pode confirmar, ninguém gosta de fumar assim que começa. É algo que o pulmão reclama logo nas primeiras tentativas, só que o mesmo vai se acostumando, a gente teimando, e o corpo vai absorvendo e se prendendo aos efeitos da nicotina.

Eu fumei descontroladamente até o ano de 1991, quando comecei a sentir meus pulmões constantemente com secreção. Foi um alerta, fique com medo e resolvi então que iria parar de fumar. Aliás, como muitos,  achei que pararia quando quisesse... quanta presunção idiota! Sei que só consegui parar de fumar após várias tentativas, num esforço terrível. Para mim o mais difícil foi modificar em minha mente  a falsa ideia de que precisava do cigarro para me acalmar, para curtir um momento bom e até mesmo para funcionar bem profissionalmente, superar isso levou anos. Ter essa vivência foi  um grande aprendizado, prometi a mim mesma nunca mais ser dominada por nada nem por ninguém nessa vida.    
                      
“A liberdade é a capacidade de darmos um sentido novo ao que parecia fatalidade,
 transformando a situação de fato numa realidade nova, criada por nossa ação.”
(Autora: Marilena Chauí)

Me solidarizo e torço por aqueles que precisam iniciar ou já estão na batalha contra a dependência, que consigam, antes de tudo,  admitir que precisam mudar,  acreditando fortemente que são capazes de superar esse e todos os problemas que a vida nos trás, pois a partir dessa confiança é que se consegue transformar uma realidade difícil em algo melhor. Que a força nos acompanhe para todo sempre.

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