terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Crescer & Ser


A geração que está aí agora talvez tenha mais dificuldade em passar da fase de criança para a de adolescente e então para a adulta do que as anteriores. Antes tinha-se uma “trilha”, muitas vezes traçada pelos pais é verdade, muitas vezes sem a participação do mais comprometido, porém, já era um empurrão que tirava a criatura da condição infantil para a de uma pessoa “em desenvolvimento”. Quando se passava para a quinta série (hoje sexto ano) por volta dos 11/12 anos de idade, os livros mudavam, já tinham menos figuras e com o vocabulário mais difícil. Os professores já cobravam certa maturidade e postura dos alunos. Em alguns casos o adolescente já participava como força de trabalho, contribuindo para as despesas de casa. Não vejo nada de errado em adolescentes de 14 anos em diante começarem a trabalhar em meio expediente, aliás gostaria que minha filha tivesse essa experiência. Mas hoje em dia parece que você está mandando o adolescente cortar cana como bóia fria, quando se fala em trabalho para essa idade.

Penso que boa parte desse problema esteja nas escolas e no meio familiar. Verifica-se uma infantilização na didática atual, na psicologia e/ou psicopedagogia aplicadas nas escolas. Elas associadas a um meio familiar super protetor e permissivo são responsáveis por esse atraso no amadurecimento, já que tudo pode estragar “a auto-estima do aluno”. Esses momentos de frustração pessoal tem que acontecer mais cedo ou mais tarde, é natural. O que não é natural é não passar por eles e se tornar alguém que não sabe lidar com o “não” e com o desapontamento. Somos falíveis, ora como somos!!!

Talvez nossos ritos de passagem não sejam suficientemente marcantes para valerem como tais. Hoje em dia percebe-se que a aplicação de tatuagens e piercens substituiram em grande parte os bailes de debutantes e de formatura. A antecipação da vida sexual também é visto como sinal de engajamento e “maturidade”. As tribos são muitas e o entendimento pouquíssimo. Percebe-se uma juventude dispersada por excesso de informação (geralmente equivocada e passada goela abaixo), focada no consumo, não importa do quê.

A mensagem é para pais e educadores, vamos ser menos superprotetores, vamos cobrar que as escolas dêem maior responsabilidade aos alunos e não jogar nos pais o compromisso de monitorar o tempo todo os estudos de seus filhos. Corremos o risco deles não saberem agir independentemente.
Sabemos que a violência atual não acontecia na nossa época, mas tudo muda e devemos permitir que nossos filhos tenham a experiência pessoal de interagir e aprendam a lidar com o mundo lá fora. Pois a pior coisa que podemos fazer é contribuirmos para formarmos desajustados.

Um comentário:

Ricardo Kersting disse...

Oi Helena

Belo texto e que imagem linda..

Mas olha que arrumar trabalho para um adolescente hoje em dia é barra pesadíssima hein? Não é fácil. De qualquer forma acho que entendi perfeitamente onde queres chegar. Concordo plenamente contigo.

Beijos.