segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Falência do Prazer e do Amor

Beber a vida num trago, e nesse trago
Todas as sensações que a vida dá
Em todas as suas formas [...]
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Dantes eu queria
Embeber-me nas árvores, nas flores,
Sonhar nas rochas, mares, solidões.
Hoje não, fujo dessa idéia louca:
Tudo o que me aproxima do mistério
Confrange-me de horror.
Quero hoje apenas Sensações, muitas, muitas sensações,
De tudo, de todos neste mundo — humanas,
Não outras de delírios panteístas
Mas sim perpétuos choques de prazer
Mudando sempre,
Guardando forte a personalidade
Para sintetizá-las num sentir.
Quero Afogar em bulício, em luz, em vozes,
— Tumultuárias [cousas] usuais —
o sentimento da desolação
Que me enche e me avassala.
Folgaria
De encher num dia, [...] num trago,
A medida dos vícios, inda mesmo
Que fosse condenado eternamente —
Loucura! — ao tal inferno,
A um inferno real. (Fernando Pessoa)

Um comentário:

Ricardo Kersting disse...

Não devemos ter comentários sobre Fernando Pessoa! Quem somos?
A escolha que recai sobre esse poema, o momento guardado dentro do cofre interior com sete chaves de ouro, acabou sendo revelado em frases que não ouso macular com interpretações, quero a revelação inteira desse momento pela pessoa que escolheu.