PRONTIDÃO
Um ditado taoísta diz: “Não tente tirar de alguém o que ele não tem para dar.” Vez ou outra percebemos que caímos nesse “nonsense”, principalmente em relação aos filhos.
Infelizmente ainda não se conseguiu transmitir a
experiência de vida por palavras sem que a pessoa já tivesse previamente
condições favoráveis para absorver aquele tipo de conhecimento. A prontidão é
uma delas, é condição básica e
imprescindível, sem ela nada acontece além de palavras ao vento. A prontidão
perpassa pela experiência prévia da pessoa, grau de educação formal, bem como o
nível de maturidade(que nem sempre tem relação com a idade da pessoa). Os
professores entendem do que estou falando.
Outro aspecto importante a se ressaltar nos
dias hoje, é que aprender a fazer algo com maestria leva anos para se
conquistar. Um ofício deve ser tratado como um apostolado de dedicação e muita
prática diária. No pensamento Zen, essa prática levará o encontro da pessoa com
a sua espiritualidade. É quando conseguimos
conectar nossas vidas a algo universal, que sacraliza de alguma forma o ofício
e faz irradiar beleza e paz do produto desse trabalho, que pode ser o de fazer
pães, escrever livros, descobrir curas, ou limpar uma casa. Não importa o que seja,
sempre será reconhecido o valor desse produto, pois ele irradiará essa
importância.
Num mundo imediatista onde se vê muita vontade
de experimentar coisas novas mas pouca paciência e dedicação para apreender
algo, esse papo deve levar boa parte dos leitores às gargalhadas. Não me
encabulo, se são felizes com suas escolhas, esse é o melhor de tudo. No entanto
creio que a ala mais madura talvez veja alguma verdade nesses preceitos, pois lá
pelo meio da vida, a gente olha pra trás de vez em quando. Buscamos encontrar
no passado os marcadores que mostrem o nosso traçado único de vida, nossas
idiossincrasias de pensamentos, atos e conquistas. Onde estão? O que minha vida
se diferencia da maioria das pessoas em termos de essência?
Como Antoine de Saint-Exupéry disse no livro “Terra
dos Homens”: “O império do homem é interior”. Quanto mais cedo essa vida
interior for estimulada e plenamente vivida, mais próximos estaremos de nos conhecer
e aprender a viver uma vida plena.
Tire de você o que você tem pra dar, suas
habilidade inatas, desenvolvidas ou à se desenvolver. Tire os rótulos de uma
vida traçada sem sua autorização. Se dedique ao que realmente importa pra você,
o resto virá como consequência. Busque o autoconhecimento para que tudo isso
possa ser explorado e conquistado.
Uma vida desperdiçada é a pior conclusão que se
pode chegar ao final de uma existência.
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