Beber a vida num trago, e nesse trago
Todas as sensações que a vida dá
Em todas as suas formas [...]
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Dantes eu queria
Embeber-me nas árvores, nas flores,
Sonhar nas rochas, mares, solidões.
Hoje não, fujo dessa idéia louca:
Tudo o que me aproxima do mistério
Confrange-me de horror.
Quero hoje apenas Sensações, muitas, muitas sensações,
De tudo, de todos neste mundo — humanas,
Não outras de delírios panteístas
Mas sim perpétuos choques de prazer
Mudando sempre,
Guardando forte a personalidade
Para sintetizá-las num sentir.
Quero Afogar em bulício, em luz, em vozes,
— Tumultuárias [cousas] usuais —
o sentimento da desolação
Que me enche e me avassala.
Folgaria
De encher num dia, [...] num trago,
A medida dos vícios, inda mesmo
Que fosse condenado eternamente —
Loucura! — ao tal inferno,
A um inferno real. (Fernando Pessoa)
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Ser sensível
A sensibilidade nos traz nuances fantásticas de apreciação da vida, das artes, das pessoas e, principalmente, da natureza. Por outro lado nos faz desenvolver, com o tempo, uma grande rede de “capilares sensíveis” que nos faz perceber e reagir a poucos e mínimos estímulos. Guardamos sensações eternamente, quando o certo seria deixarmos passar e simplesmente esquecê-las. Helena Erthal
A liberdade de criação e o domínio técnico
"Eu costumava dizer aos meus alunos que a disciplina não é necessariamente uma prisão. Ao contrário, ela libera. Você precisa conhecer para ser livre. Quem não conhece, acerta por acaso. Para ser livre, o conhecimento é fundamental. Para se ter a liberdade de criação, é necessário o domínio técnico, que está apoiado, evidentemente, numa disciplina que vai orientar a conquista dos meios."(Renina Katz - Doutora em Artes Plásticas /professora da USP em entrevista com Radha Abramo - Dezembro 2003)
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
"Assim, pelos olhos o amor atinge o coração:
Pois os olhos são as vigias do coração,
E os olhos partem para identificar
Aquilo que agradaria ao coração possuir.
E quando se põem de pleno acordo
E firmes, todos os três, em uma decisão,
Nesse momento, nasce o amor perfeito
Daquilo que os olhos tornaram grato ao coração.
Não pode o amor nascer ou ter princípio d'outro modo
Que por este nascimento e início movido pela inclinação
Pela graça e pelo comando
Destes três, e de seu prazer,
Nasce o amor, que com justa esperança
Sai a reconfortar seus amigos
Pois, como todo verdadeiro amante
Sabe, o amor é a perfeita bondade,
Que nasce - não da dúvida - do coração e dos olhos.
Os olhos fazem-no desabrochar, o coração o amadurece:
Amor, fruto de sua vera semente."(autor: Guiraut de Borneilh)
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