Ir na caixa do correio e encontrar algo personalizado para nós, é hoje um privilégio.
Mesmo com todas as formas mais modernas de
comunicação, creio que não há nada que se compare com o recebimento de uma
carta por correio. Digo carta de verdade, escrita por alguém que tem uma
ligação afetiva real e com reciprocidade.
Desde sua concepção há um vagar, um tempo que
alguém destinou para agrupar notícias, estórias e sentimentos em palavras,
totalmente direcionadas à você. Uma carta nunca é igual a outra, mesmo que a
pessoa vá contar a mesma estória para outra pessoa, ela vai usar diferentes
palavras, pois o sentimento em relação aos outros difere.
A carta que escrevemos para alguém é única,
espera-se a oportunidade para contar as notícias, boas e ruins, com o empenho
de não precisar explicar mais nada, que aquelas palavras bastem para o
entendimento do outro sobre determinada experiência vivida.
É muito bom descobrir o envelope na caixa, identificar
a letra do remetente, e antecipar o momento de “estar” com aquela pessoa que
está longe.
Abrir o envelope com cuidado para não rasgar a
carta, desdobrá-la e finalmente ler, atentamente. Por alguns minutos o tempo
pára, nos transportamos para a narrativa, construindo imagens e percebendo
sentimentos. Já meio tristes de chegar ao fim, retomamos a realidade e o
tic-tac do relógio volta a ser percebido.