sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Vitalidade


O senso comum classifica a energia do ser humano de acordo com a idade cronológica, evidenciando assim a decrepitude física e mental do mesmo. Inevitavelmente diferenças vão acontecer no físico das pessoas porque gastamos o corpo ao longo da vida, todavia, nosso corpo estará melhor ou pior de acordo com o uso/trato dispensados à ele  ao longo dos anos. Diferentemente do corpo, tenho pra mim que a mente fica melhor na mesma proporção do quanto é usada, pois ela não se gasta, ela se desenvolve com o uso, no entanto, também pode sofrer com o pouco cuidado que tivermos com nossa alimentação e hábitos diários. Ela também será o resultado da qualidade do pensamos e sentimos, bem como do que imputamos nela. Isso tudo para dizer que, necessariamente, não ficaremos gagás e decrépitos tão inevitavelmente como falam por aí.

Ocorre um “Rito de passagem”  não  muito divulgado, entre os 30 / 40 anos de idade, que desestrutura o ser humano. Um questionamento geral,  que abrange todos os setores da vida, como se fosse uma “faxina”.  Tem pessoas que não suportam a violência desse furacão e caem em profunda depressão. Outras, agem de forma a corrigir os desvios, uns se divorciam, outros mudam de cidade, de trabalho, voltam a estudar, mudam de profissão....Enfim, se libertam dos grilhões que impediam a felicidade e a realização da real jornada.

Vivi esse Rito com muita intensidade, e acredito que, por conta disso, chego aos 49 anos com corpo e alma renovados,  percebo que quanto mais  o tempo passa, tenho mais “gana” de viver, aprender, experimentar, me divertir e, principalmente, me emocionar. Essa paixão é um combustível fantástico, me impulsionando à novas aventuras e experiências. Obviamente ficamos mais seletivos em relação a tudo: no alimento que ingerimos, nas leituras, no consumo cultural, nas relações com as pessoas. Também passamos a nos dedicar mais às  pessoas que amamos.


Isso, que nada mais é que a tão difamada maturidade, traz também a paz, ainda que não seja plena, mas legítima, amalgamada com nossos avanços espirituais.

5 comentários:

Marli Soares Borges disse...

Concordo com você, acho que a idade não nos torna decrépitos apenas porque estamos com idade. Tem outros fatores envolvidos. A maturidade é uma ótima conselheira em muitas questões da vida. Sei por mim. Bjs Marli

Anônimo disse...

Nobre H.E.,
Bom pra vc que tem alma de artista, a percepção dos sábios e coração de poeta. Para os que não atingiram esse estágio resta o embate diário contra um mundo cruel, ou melhor, homens cruéis que, contra toda e qualquer racionalidade teimam em piorar o mundo.

Helena Erthal disse...

Prezado Anônimo,
Entendo seu ponto de vista, você deve ser o tipo de pessoa que se informa de tudo que acontece no Brasil e no mundo, lê o jornal todo, assiste a diferentes telejornais.... Procura entender as atitudes absurdas dos governantes.....Isso tudo, infelizmente, abala demais a energia da pessoa. Gera inevitavelmente uma descrença total no futuro.
Confesso que para me manter com ânimo e feliz preciso me alienar, não leio as notícias de jornais (de vez em quando as colunas interessantes como Cora Ronai/Jabour etc..) não assisto telejornais...deixo que as pessoas venham a mim, elas sempre me informam do fundamental para eu funcionar socialmente. Essa foi a maneira que encontrei para não deixar a minha energia se transformar diariamente em revolta, tristeza e impotência. Muito discordam dessa maneira de viver, mas para mim é a única possível.

Abraços,

Anônimo disse...

Helena, há muito me afastei desse circulo ora descrito. Ao contrario, me mantenho distante o quanto posso. Não o faço por questão política, religiosa ou filosófica, mas por entender como única forma de "conviver". Infelizmente, por dever de oficio, me obrigo diuturnamente ao "embate" social. Acredite, invejo muito a maneira como vc consegue preservar sua 'pureza' e sensibilidade. Que seu texto continue a fluir leve e suave! Um forte abraço.

Erthal disse...

Muito verdadeiro tia , amei o texto . E acho que também existe uma crise dos 20 .