Eu vivi minha adolescência nos anos oitenta, época que a classe média com filhos adolescentes sustentava o lema: “Prendam suas cabras que meus bodes estão soltos”, esse era apenas um dos aspectos loucos da mentalidade da época. Consequentemente, num lar extremamente religioso e conservador tive muitos conflitos com meus pais, já que era a única menina entre quatro varões. Como eu, tinham muitas moças passando por situação similar, uma palavra muito usada para definir nossos problemas era “repressão” e para definir a solução “liberdade”.
Na verdade não eram só as moças que sofriam esse tipo de problema pois também ocorriam com os rapazes, porém mais relacionado a seriedade nos estudos e atitudes que vislumbrassem a independência financeira segura. Como muitos, com dezoito anos comecei a trabalhar como garçonete após a faculdade contra a vontade do meu pai, ponto inicial para o que todos, sem exceção queriam fazer, sair da casa dos pais.
O que me levou a entrar nesse “túnel do tempo” foi para comentar sobre como esse mesmo aspecto se modificou nesses trinta anos. Hoje em dia os filhos não querem mais sair da casa dos pais pois não existe mais o famoso “conflito de gerações”, as pequenas diferenças que hoje a minha geração tem com seus filhos adolescentes são ínfimas em relação àquelas dos anos oitenta. De um lado temos a felicidade de compartilhar um convívio amoroso, cheio de cumplicidade e com discussões pouco apaixonadas, de outro temos aquele medo escondido de não estarmos preparando bem nossos filhos para a realidade fora de nossos lares.
Infelizmente só o tempo trará a resposta se estamos certos ou errados, já podendo antever que não existe um resultado absoluto para qualquer das opções. Será que essa geração de agora vai modificar seu comportamento(como nós fizemos) com os filhos adolescentes aplicando a psicologia contrária a nossa, como reação a problemática que talvez venham a enfrentar? Isso nos remete àquela ideia de que vivemos em ciclos, tudo volta, nada é realmente novo.
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