O senso estético se formou a partir de um
processo interno desenvolvido pelo ser humano, simultaneamente a sua evolução.
Penso que os animais, guardadas as proporções, também ensejaram desenvolvê-lo,
já que a avaliação visual e odorífica sempre foi usada para escolher uma prêsa
ou qualquer alimento, tendo como parâmetros: o que está íntegro, com cheiro
característico e em plenitude de forma, cor e tamanho, entende-se saudável. Creio
que os rudimentos da ideia estética e a formação do conceito de “beleza” teve
esse início e foi se modificando com o tempo até chegarmos a percepção mais
acurada que temos na atualidade.
Mesmo com toda a evolução perceptiva do ser
humano, essas bases de certa forma, ainda nos acompanham como pano de fundo
para uma elaboração artística, pois são atávicas. Entretanto diferentes linhas
de pensamento estético se desenvolveram, e o tempo as consolida efêmeras ou
clássicas. As diferentes escolas artísticas vem somar técnicas, diversidade,
oferecendo resultados inéditos e questionadores.
Analisando a arte atual, podemos verificar
miríades de novas nomenclaturas e desafios mentais para associar determinada
expressão com o fazer artístico. O lado negativo desse segmento são as
manipulações do mercado de arte, associado a personalidades/entidades de “renome”,
que elegem artistas, talentosos ou não, para enriquecerem financeiramente
juntos. Dinheiro não é o problema, defendo que o artista deva ter sua obra
valorizada, todavia, acredito na relativização de valores quando da avaliação
de uma obra. As referências usuais se perdem quando a intervenção da
manipulação comercial age. Temos o cúmulo de ter que aceitar que uma escada com
uma bóia de criança enfiada entre seus degraus valha mais que um quadro de um
artista que já tem consolidado seu valor dentre os clássicos.
Outro aspecto desconsiderado nesse roldão
comercial, diz respeito ao valor mais importante em minha modesta opinião, o
aspecto primordial de qualquer expressão artística: o enlevo. Existem
diferentes níveis de enlevo, porém, sem ele, não há arte. Ele está relacionado
diretamente a poética e a modificação do estado de mente que a obra encerra, atingindo
o Homem em sua alma.