Tem pessoas que nos causam grande impacto. São raras e sempre muito autênticas, pois ninguém se impacta com o comum e mundano. Tive essa emoção quando vi o documentário sobre a vida do artista Tomi Ungerer, um alsaciano que viveu os terrores da segunda guerra quando criança, porém, sua arte sobreviveu e refletiu essa e muitas outras vivências desse grande artista. Autor de livros infantis, livros eróticos e grande ilustrador, Tomi sempre inovou em estilo e impressionou com imagens eloquentes e impactantes, principalmente para época. Ele “pagou o preço” por ser assim, e foi boicotado pela sociedade literária de Nova Yorque que não aceitava que fosse autor de livros infantis e ao mesmo tempo produzisse algo como “Fornicon”( New York, 1970) e “Der Sexmaniak”( Zurich, 1968).
Ele tem uma percepção aguçadíssima e expressou-a
artísticamente, ora de forma bela e poética ora cheia de irreverência e erotismo. Sua
marcar registrada é a tão rara liberdade de espírito. Mesmo depois de passar,
ou talvez até por ter passado pela lavagem cerebral nazista, ele desenvolveu um
“antídoto” natural que o impede de aceitar qualquer ideia sem antes passar por
uma boa reflexão. Em consequência, o que ele julgar ridículo, fatalmente será
tratado com deboche e humor cáustico em seus desenhos.
Diante de uma pessoa assim nos percebemos hipócritas e acinzentados
pelos clichês sociais. Vale a pena conferir, não somente pela excelente
abordagem do documentário, mas pela chance de refletir sob a ótica de uma
pessoa realmente incomum e genuína.
(O documentário está passando no canal
Globosat/site oficial do Tomi Ungerer: http://www.tomiungerer.com/ )